Hoje Um Ladrão, Amanhã Um Defunto

Will Makaveli

Compositor: Will Makaveli

Cena triste, o mano abre a geladeira e só vê água
Dói no peito vê o filho com fome, isso só dá mágoa
O capitalismo selvagem que te faz enlouquecer
Portas batendo na cara, oportunidade é só na TV
A realidade é mais cruel, única saída, o crime
Caminho mais doloroso, que engana até o mais firme
Enfeite o túmulo agora, lá vai o mano resolver um assunto
Ontem um bom cidadão, hoje um ladrão, amanhã um defunto
As glórias conquistadas no presente são ilusórias
Prepare o caixão do defunto, no crime não há vitórias
De geração a geração, nada muda, sempre a mesma merda
Manos querendo impor respeito, forjando suas próprias quedas
Não adianta clamar por Deus, Ele não vai acalmar a tempestade
Efeito imediato da ação do bicho homem, que faz tanta maldade
Manos se matando, traficantes viciando, mães em clínicas médicas
O remédio é caro até demais, a solução: ações antiéticas
Aponta a PT na cara do comerciante, roube todo o dinheiro
A consequência é o gambé carniceiro, que chega e atira primeiro
Depois dá entrevista, heroi do dia, mais uma medalha na farda
Bandido foi abatido, exibe o corpo como se fosse uma onça parda
Atirador de elite, vai se fuder, aqui é mais uma vítima
Manda o político pro inferno, aí sim a causa é legítima
Olha aquela garota grávida, consequência do programa
Vai dar a luz a mais uma vítima do sistema, sinta o drama
No futuro um sujeito homem, que preferia ter ido no aborto
O moleque que te assalta no farol hoje, amanhã vai tá morto
A sociedade aplaude a morte de qualquer ladrão
Mas nunca se mobiliza contra os políticos do mensalão
Cresci fora-da-lei, vida bandida, muito respeito pelas favelas
Mas pro crime eu não volto, pra mim não acenderão velas
Contrariando a estimativa dos 18 anos, aqui estou, firme e forte
Amor por Deus sempre, respeito à família e distância da morte
Mano Brown é que tá certo, um bon vivant não mostra seu ponto fraco
Caso contrário, morte certa, corpo esquartejado em um saco
Hoje um ladrão, amanhã um defunto
Crime, drogas, vaidade, faz parte do conjunto
Hoje um ladrão, amanhã um defunto
Em um segundo, é você contra o mundo
Aos guerreiros espalhados pelas periferias do Brasil
Cabeça erguida irmão, não se aliste nessa guerra civil
É fácil julgar aquele que está errado, é conveniente
Pagar de moralista em um país falso, onde só tem demente
O futuro do favelado não interessa aos governantes
Sinto nojo do meu país, a classe rica pra mim é repugnante
Hoje um ladrão, amanhã um regenerado
Nada é impossível, não se sinta um derrotado
Meu nome tá em jogo, represento a favela, sou um réu
Os manos tão todos indignados, ninguém aqui vai pro céu
Mergulhe no mar de sangue negro, que cada dia é derramado
Deus me deu o livramento, mas o diabo cada dia tem me testado
Oferecendo fortuna, fama, moral e reconhecimento
Pra depois eu ser encaixado em uma vala de cimento
Faça por onde a partir de hoje, seu futuro tá em jogo
Não seja o ladrão do momento, se desfaça da arma de fogo
Na hora que você estiver em fuga no Golf GTI roubado
Se lembre quem você é, naquele bom rapaz do passado
Saiba que o momento ruim é passageiro, é só uma fase
O mano de verdade jamais age como um kamikaze
O sonho de todo malandro é a felicidade da coroa
Terminar os estudos e dá uma boa vida pra sua patroa
O vilão de verdade não é aquele de bombeta e Cyclone
É o ladrão de terno, deixando mais uma criança com fome
Pra esses devemos ecoar o grito, todos juntos
Hoje vários ladrões, amanhã vários defuntos

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