Um Grito de Protesto

Will Makaveli

Compositor: Will Makaveli

O preço da farinha não altera o produto
Pra deixar nóia apodrecendo embaixo do viaduto
E o político com os pés na mesa, fumando charuto cubano
Vendo o tráfico aumentar cada vez mais todo ano
O julgamento já começou, nove horas de discussão
O promotor te acusando, convencendo o juiz cuzão
Ladrão julgando ladrão, um Brasil de ironias
Um país de igualdade? Nunca vi tantas hipocrisias
Represento os esquecidos, aquele povo sem voz
Que através do tiro protesta, mas quem liga pra nós
O deputado e o governador? Não. A polícia? Nem pensar
Justiceiro com sua máscara que vem pra favela nos matar
Olha com desprezo pro viciado de crack na rua
Amanhã ele te seqüestra e te mata e a culpa é sua
Olha pra lua, agradeça pelo ótimo dia que você teve
Enquanto isso o mendigo é queimado por quem sai da festa Rave
Dizem que os bandidos têm apetite pela destruição
Fazer o que, se a fome aperta e não tem na cozinha nem um pão
Sorrio da sua vontade de voltar a ser criança, de ser inocente
Não condiz com minha infância, que tento apagar da minha mente
Um pai filho da puta, que cansou de quebrar meus dentes
Enquanto você jogava vídeo game e zoava com a cara dos crentes
Enfim, são fatos do passado que interferem no futuro
Pra deixar espalhada a sua foto de "procura-se" no muro
Regeneração é uma palavra que não combina na cadeia
Tenta dividir uma cela com 20 manos, a situação é feia
Depois que é libertado, nada muda, essa é a realidade
Não dá pra trabalhar, ex-presidiário se fode na cidade
Como pode meu Deus, tanta desigualdade de tratamento
O pobre é condenado e o rico alega debilitação pelo momento
Logo é liberado e some pra algum país do velho continente
E o pobre apodrece na cadeia, só acumulando ódio na mente
Tá na hora de um plebiscito pra bombardear o Congresso
Se isso um dia acontecer, já reservo o meu ingresso
Pros manos da rua não tem mais como pedir paciência
Pra levantar grana o jeito é roubar, mas isso dói na consciência
Mas antes minha mãe sorrindo, do que ela vendo minha carcaça
Esqueça a Mercedez do playboy, não vale a pena matar essa raça
Todos vamos vencer na vida, o suficiente pra sustentar a molecada
Jogar na cara da vadia rica, não precisamos mais roubar essa safada
Não caia na armadilha do vidro do EcoSport aberto no farol
Lá dentro você tromba a morte, seu corpo fica secando ao sol
Porque o gambé que tiver a chance vai te matar sem pensar
Mais um serviço executado, menos um ladrão pra roubar
A real é que no fim nada muda no cenário nacional
A cidade é maravilhosa? Só se for pro tráfico, aí é mal
Se é pra incomodar a classe rica, estamos aí juntos no Rap
Se quiserem nos censurar, seqüestramos e passamos a fita crepe
Já chega dessa mordaça psicológica, que nos limitou por anos
Podemos não ter voz, mas a união faz a força dos manos
A luta continua eternamente, o sistema aqui não prevalece
Servimos de bode expiatório pra um país que nunca cresce
Enfim, todos nós estamos aqui nessa vida de passagem
Um brinde pros guerreiros que já nasceram em desvantagem
As crianças carentes, aos negros de passado escravizado
Aos verdadeiros brasileiros que esse país tem desprezado

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